terça-feira, 16 de novembro de 2021

 Vulgata é a forma latina abreviada de vulgata editio ou vulgata versio ou vulgata lectio, respectivamente "edição, tradução ou leitura de divulgação popular" — a versão mais difundida (ou mais aceita como autêntica) de um texto.[1]

No sentido corrente, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerónimo, a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã Católica e ainda é muito respeitada.

Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.

No século IV, a situação já havia mudado, e é então que o importante biblista São Jerónimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para o latim e revê a Vetus Latina.

Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta. No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos. Chama-se, pois, Vulgata a esta versão latina da Bíblia que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções.

O nome vem da expressão vulgata versio, isto é "versão de divulgação para o povo", e foi escrita em um latim cotidiano.

Vulgata constitui um MARCO para a Igreja de língua latina. Até então circulavam diversos textos e extratos latinos, todos eles baseados sobre a tradução grega e em estado precário. Quando o papa Dâmaso encarregou S. Jerônimo de estabelecer um texto digno de confiança para a Igreja, em 384, não o encarregou de preparar uma nova tradução, mas apenas de rever e corrigir esses textos que circulavam em Roma, com a ajuda da tradução grega. S. Jerônimo começou a fazer essa revisão, mas a partir de 391, já estabelecido na Palestina, resolveu retraduzir todo o AT com base nos textos em hebraico e aramaico, inclusive Tobias e Judite, que encontrou em aramaico (os demais deuterocanônicos baseou-se no texto grego), concluindo tudo por volta do ano 406. De início, sua tradução sofreu grande oposição, devido principalmente o emprego de termos não-tradicionais ou certos afastamentos da tradução grega; no tempo de S. Gregório Magno, porém, passou a desfrutar de iguais direitos que as demais traduções, fixando-se como texto principal para a Igreja latina entre os séculos VIII e IX (a denominação “Vulgata”, contudo, só começou a ser usada a partir do séc. XIII).

Após o Concílio Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi realizada uma revisão da Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. Esta revisão, terminada em 1975, e promulgada pelo Papa João Paulo II, em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata e ficou estabelecida como a nova Bíblia oficial da Igreja Católica 

Vulgata Sixtina

 A Peshito ou Peshitta (siríaco clássico: ܦܫܝܛܬܐ‎ pšîṭtâ) é a versão padrão da Bíblia para as igrejas na tradição siríaca (ܠܫܢܐ ܣܘܪܝܝܐ - "L'shana Suryaya").

O nome é derivado do siríaco mappaqtâ pshîṭtâ; (ܡܦܩܬܐ ܦܫܝܛܬܐ), significando literalmente "a versão simples". Entretanto, é também possível traduzir o nome pshîṭtâ como "terra comum" (isto é, para todos os povos) ou "correcto", traduzido usualmente como "simples". Siríaco ("sy") é um dialecto (ou grupo de dialectos) do aramaico oriental que se escreve utilizando o alfabeto siríaco e é transliterado para o alfabeto latino de diferentes maneiras: Peshitta, Peshittâ, Pshitta, Pšittâ, Pshitto, Fshitto. Todas estas são aceitáveis, mas os termos "Peshitta" ou "Peshito" são as traduções mais convenientes em português.

O consenso dentro do conhecimento bíblico, apesar de não universal, é que o Antigo Testamento da Peshitta foi traduzido em siríaco do hebraico, provavelmente no século II e que o Novo Testamento da Peshitta foi traduzido do grego.[1] Este Novo Testamento, originalmente excluindo certos livros contestados (2 Pedro, 2 João, 3 João, Judas, Apocalipse) tornou-se um padrão no início do século V. Os cinco livros excluídos foram adicionados na Versão Harklean (616 DC) de Tomas de Harqel.[2] Entretanto, a Peshitta da Sociedade Bíblica Unida de 1905 usou novas edições, preparadas pelo irlandês siríacista John Gwynn, para os livros desaparecidos.


 Codex Alexandrinus (códigos de referência: Londres, Brit. Libr. MS Royal 1. D. V-VIII; Gregory-Aland  A ou 02, [Soden δ 4]) é um manuscrito da Bíblia em grego koiné do século V. Ele contém a maior parte da Septuaginta e o Novo Testamento.[1] É um dos quatro grandes códices unciais. Juntamente com o Codex Sinaiticus e o Vaticanus, é um dos mais antigos e mais completos manuscritos da Bíblia. Brian Walton designou-o com a letra latina "A" em sua Bíblia poliglota em 1657[2] e esta referência foi mantida quando o sistema foi padronizado por Wettstein em 1751,[3] o que colocou o Alexandrinus no topo da lista de manuscritos bíblicos.[4]

Ele é originário da cidade de Alexandria, onde permaneceu algum tempo até ser comprado pelo patriarca de Constantinopla Cirilo Lucaris (m. 1638).[5] No século XVII ele foi presenteado ao rei Carlos I da Inglaterra. Até a compra do Codex Sinaiticus, era o melhor manuscrito da Bíblia grega no Reino Unido[a] e os dois atualmente estão preservados em vitrines da Galeria Ritblat do Museu Britânico.[7][8] Uma versão fotográfica do volume do Novo Testamento está disponível no site da Biblioteca Britânica.[9] Como o texto deste manuscrito é representativo de diferentes tradições, partes diferentes do códice tem importâncias diferentes para a crítica textual

Manuscritos do Novo Testamento
Papiros • Unciais • Minúsculos • Lecionários
Uncial 02
Final de II Pedro e começo de I João no Codex Alexandrinus

Final de II Pedro e começo de I João no Codex Alexandrinus
NomeAlexandrinus
SinalA
TextoNovo TestamentoAntigo Testamento
Data400440
Escritogrego
Agora estáBiblioteca Britânica
Tamanho32 x 26 cm
TipoTexto-tipo bizantino nos Evangelhos, alexandrino no restante do NT
CategoriaIII (nos Evangelhos), I (no restante do NT)
MãoElegantemente escrito, mas com erros


 Codex Sinaiticus (em grego: Σιναϊτικός Κώδικας, em hebraico: קודקס סינאיטיקוס; códigos de referência: Londres, Brit. Libr., manuscritos adicionais 43 725; Gregory-Aland  א [Aleph] ou 01, [Soden δ 2]) ou Bíblia do Sinai é um dos quatro grandes códices unciais, uma antiga cópia manuscrita da Bíblia em grego koiné.[1]

Este códice é um manuscrito de texto-tipo alexandrino escrito no século IV em letras unciais em pergaminho. O entendimento acadêmico moderno considera o Codex Sinaiticus como sendo um dos melhores textos gregos do Novo Testamento[2] juntamente com o Codex Vaticanus. Até sua descoberta por Constantin von Tischendorf, o Codex Vaticanus não tinha paralelos.[3]

Codex Sinaiticus atraiu a atenção dos estudiosos no século XIX ainda no Mosteiro de Santa Catarina, na península do Sinai, e um material adicional foi descoberto depois nos séculos XX e XXI. Embora partes do códice estejam espalhadas por quatro bibliotecas, a maior parte do manuscrito está hoje na Biblioteca Britânica, em Londres, aberto à visitação pública.[4][5] Desde a sua descoberta, o estudo do Codex Sinaiticus vem se mostrando extremamente útil para a disciplina da crítica bíblica.

Apesar de grandes porções do Antigo Testamento estejam faltando, assume-se que o códice originalmente continha os dois testamentos completos.[6] Cerca de metade do texto do Antigo Testamento em grego (ou Septuaginta) sobreviveu juntamente com todo o Novo Testamento, todos os livros deuterocanônicos, a Epístola de Barnabé e partes do Pastor de Hermas.

Manuscritos do Novo Testamento
Papiros • Unciais • Minúsculos • Lecionários
Uncial 01
Livro de Ester

Livro de Ester
NomeSinaiticus
Sinal
TextoAntigo e Novo Testamento
Datac. 330360
EscritoGrego
AchadoSinai (1844)
Agora estáBibl. Brit.Universidade de LeipzigMost. Santa CatarinaBibl. Nac. Russa
CitadoLake, K. (1911).Codex Sinaiticus Petropolitanus, Oxford.
Tamanho38 x 34 cm
TipoTexto-tipo Alexandrino
CategoriaI
NotaMuito parecido com o Papiro 66

 O Codex Vaticanus (Vaticano, Bibl. Vat., Vat. gr. 1209; no. B ou 03 Gregory-Aland, δ 1 von Soden), é um dos mais antigos manuscritos existentes da Bíblia grega (Antigo e Novo Testamento) e um dos quatro grandes códices unciais.[1] O nome "vaticanus" deve-se ao fato de estar guardado na Biblioteca do Vaticano, pelo menos desde o século XV.[2] Escrito em 759 folhas de velino em letras unciais, foi datado palaeograficamente como sendo do século IV.[3]

O manuscrito tornou-se conhecido por estudiosos ocidentais por causa da correspondência entre Erasmo de Rotterdam e os prefeitos da Biblioteca do Vaticano. Partes do codex foram coligidos por vários estudiosos, mas numerosos erros foram feitos durante este processo. A relação do codex com a Vulgata não era clara e inicialmente os estudiosos não estavam cientes do valor do codex,[4] o que mudou no século XIX, quando transcrições completas do codex foram concluídas.[1] Foi nesse momento que os estudiosos perceberam que o texto diferia da Vulgata e do Textus Receptus.[5]

A erudição acadêmica atual considera o Codex Vaticanus como um dos melhores textos gregos do Novo Testamento,[3] juntamente com o Codex Sinaiticus. Até a descoberta do texto do Sinaiticus por Tischendorf, o Codex Vaticanus era inigualável.[6] O Codex Vaticanus foi usado extensivamente por Westcott e Hort na edição de "O Novo Testamento no Grego Original", em 1881.[3] As edições mais vendidas do Novo Testamento grego são largamente baseadas no texto do Codex Vaticanus.[7]


Manuscritos do Novo Testamento
Papiros • Unciais • Minúsculos • Lecionários
Uncial 03
Página do Codex Vaticanus; final de 2Ts e começo de Hebreus

Página do Codex Vaticanus; final de 2Ts e começo de Hebreus
NomeVaticanus
SinalB
TextoAntigo e Novo Testamento
Datac. 300-325
Escritogrego
Agora estáBiblioteca do Vaticano
CitadoC. Vercellonis, J. Cozza, Bibliorum Sacrorum Graecus Codex Vaticanus, Roma 1868.
Tamanho27 x 27 cm
TipoTexto-tipo Alexandrino
CategoriaI
Notamuito perto do P66P750162